Resoluto

Meu amor come o que tem pra hoje

E nem se dá conta do quanto tem;

Porque alienada do sentir, ela age,

Se, para certa espera o tempo urge,

Pra ela são moedas as notas de cem...

Vasto tempo que assim, desperdiça,

Pra mim é preciso, restrito, estreito;

O meu dia termina tão logo começa,

sem ela o tempo sucumbe à pressa,

futuro é pretérito mais que perfeito...

Aí a ventura que outrora eu sonhara,

Recusa a ser no amanhã que já veio;

E toda ternura que amante lha dera,

Se perde fugaz em sombria quimera,

Fica todo vazio esse copo meio cheio...

Apego-me ao subjuntivo; se ela viesse,

Esperança muda o tempo; quando vier;

essa coisa que se poda tão logo cresce,

é holograma inspirador de certa prece,

que se plasma, num contorno mulher...

Quer saber? Chuto o balde não a quero,

Amor próprio desperta, incinera a lenha;

O que esperei outrora não mais espero,

Contra todas chances agora eu disparo,

já não importa mais, até que ela venha...