A Cura é Você.

Do que é que nós temos medo?

A pergunta pesou como um piano vindo do céu.

De medo sequer algo entendo?

Sei bem que temo não mais temer ser infiel.

Você parece um acerto ledo,

Triste engano seria abandonar-te,

E se existe em mim algum medo,

O medo é de não mais abraçar-te.

Inseguros, medrosos, alguéns travestidos de ninguéns,

Pálidos homens-palito, invisíveis quase sem espírito.

Busquei por muitos anos alguém que pudesse entender

E declaro com/sem tristeza que quem encontrei foi você.

Triste? Nem tanto! Eu poderia estar pior!

E ao seu lado, moça, eu estou muito melhor.

Mas me sinto na corda bamba,

Um passo em falso e minh'alma samba,

Perco a pessoa que sempre quis,

A única enfim verdadeiríssima Miss.

Temo a perder, temo mesmo a perder,

Pergunta do que nós temos medo?

Nós temos medo é de morrer.

Eu sou um mergulhador que se afundou nos sete mares,

Você é a joia rara que achei após buscar em tantos lugares.

Em uma pequena ostra, lá estava a pérola negra,

A minha pressão se normalizou, flutuei. Flutuei com a pérola negra.

Dedos desajeitados -

Não a soltem! Não a soltem! -

Preciso ter mais cuidado -

Não a solto! Não a solto!

Todas as danças estranhas que dancei sozinho por aí, todas as desaventuras que me fizeram dessorrir, todas as mentiras que fui forçado a contar, todos os pesadelos que parecem nunca parar,

Contigo eu sinto que posso ser eu mesmo. És forte, não é? És forte. Como não? Suportas-me! Como? Não sei! Vens fazendo! És louca? Como eu? Usas mesóclise num escrito? Como não te amar?

Como querer te perder?

Como suportar te perder?

Como deixar de escrever?

Como não temer?

Paradoxo de menina,

Menina maluquinha.

Vi-te no fim do arco-íris,

Não a quero mais sozinha.

E danço, e corro, e choro, vivo, morro mas não atuo! Morro mas não aturo! O caos que assola aqueles que não se encaixam nas normas, esse caos esfola a mente pedinte por esmola de entendimento. Estava quase decapitado! Suicídio aos trinta anos! Você se jogou na frente dum tiro e caiu em meu colo. Rolamos morro abaixo, nos prendemos numa floresta. O bosque do anjo. Na rua das pedrinhas de brilhante. Com um tal de pimpão, escravo da infância. Drogou-se com algodão. Drogamo-nos com coração.

É compreensível?

Do que nós temos medo?

Da dor? Do medo?

Eu estou calmo por fora

E surreal por dentro.

Desliga meu pânico,

Desliga meu pânico,

Desliga meu pânico,

Abrace-me, eu sou teu louco.

Prazer, conheces-me? Sou o babaca correto. Pago de herói! Pago herói! Atiram-me na testa. Quis limpar um praça e trouxeram-me vergonha. Político? Político? Um descapacitado! Escritor amador, poeta sofredor, rapaz amador, namorado sofredor. Explodir-me em êxtase, só com você é possível! Só com você é possível, garota!

Acompanha-me agora. Nós vamos valsar.

Segura nas minhas costas, eu vou te guiar.

É três para um lado, é um para o outro,

Começo a flutuar, acho que estou louco.

É nos seus braços que voo confuso,

Estou agudo e estou obtuso,

Só você me trará a paz a longo termo.

Só você, abelha, só você é capaz.

Quero esperá-la por todo o tempo,

Quero conquistá-la, ser digno de tal.

Incapaz de fingir ser alguém que não sou,

Mostro-me estranho, traço letras velozes.

A você, abelha, dou a fagulha que restou,

E com o seu vento queimamos todos os algozes.

Minha balança de vento, sou seu centauro flamejante,

Mas a seta que nos acertou não saiu de minha arma.

O destino novamente foi um tanto quanto ultrajante,

Tirou-me da terra e jogou-me na lama...

...e sem essa lama eu sou incapaz de viver.

Se tu entendes, explica-me, também desejo entender.

5/3/2016