A Noite com Você
Deitamo-nos, nós dois. Nada nos separa.
Vestidos por fora, tímidos como se despidos.
Ah, que vergonha! Por favor, não me encara!
Mas aproxima-te, vem, de olhos fechados.
Toco-lhe a face, beijo-a, estamos muito tensos.
Fique tranquila, digo, sou apenas eu aqui.
Interrompo-me perdido em teus olhos imensos.
Timidamente sorrio, timidamene sorris,
Quero sumir mas quero ficar. Quero muito ficar.
Estou vermelho. Estás vermelha. Que vergonha!
Aproximo-te mais. Mais um pouco, sempre a corar.
Envolvo-te com os braços, tua boca é minha...
Um estalo, duplo gemindo unissono, que vergonha!
Fecha os olhos, apoia a testa na minha,
Eu quero que hoje durmas em paz.
Hoje ao menos, quero que durmas em paz.
Afago-lhe o cabelo. Afago-lhe o cabelo.
É inesperado. É preocupante. Eu não devia ter te encontrado.
Um ridículo Oi!, um ridículo Olá!, e uma bola de neve a rolar.
Você se mostrou diferente, um diferente jamais encontrado.
Um diferente pacífico. Seguro. Simples. Algo capaz de viciar.
Não foi turbulento ou forçoso, não foi algo pecaminoso.
Foi algo reflexivo. Um reflexo seu em mim. Eu me vi em seu olhar.
Não entendo, não entendo! Que confuso! Que sentimento confuso!
Eu também, eu também, eu também, aonde vamos parar?
Esqueço-me que é sonho. Eu o esqueço, eu o vivo! A sonhar?…
Três horas de êxtase, vinte e uma de saudades, saudades!
Do que sinto saudades? De alguém que entendo tanto?
Quantas mentiras eu vi, quantas mentiras, como me trazes verdades?
Com que direito me trazes verdades? Achas-me bobo? Achas-me tonto?
Diz com que direito, sua louca! Copias-me? Copias-me a sério?
Leste meus pensamentos, invejosa? Eu devia ser único neste século!
Tu… Tu… Tu… Tu, fada! Tu! Como ousas? Chame Aghata! É um mistério!
You weren't supposed to be real! HOW DARE? Maldito destino acéfalo!
Trazendo-me verdades após habituar-me à constante mentira.
Que mundo é esse? Como podes ser a única a parecer certa?
Estou iludido? Estou errado? Sendo cruelmente enganado? Que dirás?
Diz-me, tua louca! Tua caótica! Tua impossível! Tua incorreta!
O paraíso não foi feito para existir. Não era para eu ser feliz.
Quando vais sumir?…
Tu és tão linda, tão atraente, estou tão viciado em teu carinho…
Eu te desejo tanto, eu te desejo tanto o bem, quero tanto te acolher.
Ah! Droga viciante, meu problema etílico, sem você o que vou fazer?
Se sem você sou incapaz de ter um sonho bom, incapaz de ser menino.
A sua presença é… é… em meu sangue ela é… o que chamo de magia,
Paixão. Dor. Paixão… a origem etimológica de paixão é dor, sabias?
O meu mundo agora tem outro sentido. Ele tem outro significado.
Tu és meu maior segredo, eu sou o teu poeta apaixonado.
Teu, teu, teu, teu, teu, teu! Eu desejo… ser teu! Teu! Teu, teu!
Quero mais chá, eu quero mais chá, não quero nunca mais me conformar.
Estou com medo de não te ter mais. Estou com medo. Deus meu!
Por quanto tempo eu vaguei pela poesia procurando alguém assim para amar?
Quantos versos eu rimei? Quantas pessoas eu observei? Quanta vida eu investi?
E de repente você aparece… uma pessoa que eu realmente quero.
Bons minutos se passam até eu sentir-te dormir.
Os teus olhos fechados, a tua respiração.
Olho encantado o teu sono indefeso bem ali.
Sinto que está no lugar certo o meu coração.
Ter-te em meus braços é algo tão diferente,
Sinto que devo te proteger. É o meu maior dever.
Estás tão perto, eu sinto o meu corpo tão quente.
Preciso te proteger esta noite, contigo adormecer.
Só contigo, moça, só contigo apenas, por toda a vida.
Então eu adormeço ao lado de minha dama,
E sinto falta de apenas uma coisa despercebida:
Poder estar contigo na mesma cama.
2/3/2016