Céu e inferno

Por onde sopra o vento mau que disse

Ao pé de sua orelha vis falsidades

Que inferno pariu a violenta entidade,

Que sugeriu que de mim foragisses?

Porque lhe pareço tão pouco atraente?

Não sou como pinta o espírito ruim!

Porque foges tão ligeira de mim,

Que sou de Amor o mais devoto crente?

Sabes por acaso os grilhões que arrasto?

As noites em sacrifício, a agonia,

De vê-la recusar, remota e fria,

Esse amor, que é, de todos, o mais casto?

Sua sede e firmamento ainda hão de ser eu?

Serão meus ais uma passada época?

Ainda hei de cobrir de beijos a boca,

Que mesmo os anjos contemplam do céu?

Zé das Couve
Enviado por Zé das Couve em 29/02/2016
Reeditado em 01/03/2016
Código do texto: T5559592
Classificação de conteúdo: seguro