Indelével
Não devo amar a você, bem sei,
A ordem estabelecida me veta;
O porra do coração é fora da lei,
E usa a cumplicidade do poeta;
Importa gado indevido pra grei,
põe, como dizem, o seu na reta;
anda até lugares que não andei,
o insipiente, não sabe ler à seta;
Só um plebeu sonhando ser rei,
invés de sofrer a sorte discreta;
é que desde que teu olhar olhei,
a minha retina, se pôs, inquieta;
Ela grita os amores que silenciei,
Falta dosimetria para sua meta;
O amor difere, do que rabisquei,
Não há tecla, que ao tal, deleta...