Eu Poderia...
Eu poderia lhe esperar sentado num banco deserto
No Central Park ou em qualquer lugar incerto
Á beira de um canal na romântica Veneza
Ou em um bosque qualquer em meio à natureza
No Rio, em Vassouras, Tóquio ou Turim
Aparentemente tão simples, fácil assim.
Eu poderia ignorar as noites escuras e frias
As lágrimas e garrafas que deixei vazias
Os corpos amorfos que escolhi usar
Tudo que fiz para lhe e me magoar
Todas as juras e maldições que conjurei em vão
Todos os infinitos momentos de dor e solidão.
Eu poderia esquecer o ciúme que você fez nascer
Aquela ínfima insegurança que você fez crescer
A pálida sombra que me tornei diante o que era
O rígido inverno que soterrou minha primavera
Todos os sonhos que se desfizeram na areia
Todos meus sentimentos presos na sua teia.
Eu até poderia tentar novamente
Replantar inocente a mesma semente
Ansioso pelo retorno do amor premente
Com toda a sede e fome da paixão urgente
Mas não seríamos mais eu e você, nada de nós
Apenas e tão somente duas pontas desatadas, sem nós.
Dois desconhecidos que não mais se veem
Dois corações estranhos que não mais se leem
Um cristal quebrado que não tem mais valor
Um falso arco-íris sem nenhuma cor
Uma história perdida e relegada a ser esquecida
Apenas mais um entre tantos retratos da vida.