O enigma da sexta flecha (Caris Garcia)
O enigma da sexta flecha
(Caris Garcia)
A orquestra do universo tocava
O coral inteiro estava reunido
A nota perfeita, a oitava
O olhar pausadamente agradecido...
A porta estava aberta às três e trinta
Se via a chave apenas na luz do luar
O portal da alma cansada, quase extinta
Que conduziu trovões e se atirou em alto mar...
Seguindo, de Ariadne, o Fio de ouro
Entregue em sintonia reluzente
Descobriu seu verdadeiro tesouro
E fez de Dante, seu confidente...
Em notas escritas apenas no rodapé
De um Livro feito de folhas de outono
Andou sobre brasas mornas de Nova Guiné
Uma estrela cadente sem pátria, nem dono...
Na Astrologia de signos siameses
Hermes abençoava duas unidas mãos
Passaram-se horas, dias, meses...
O destino traçado na sonhada constelação
Jung questionava com pesar os céus
E mesmo com a melancolia presente
Foi caindo lentamente todo o branco véu...
O choro guardado, a emoção entorpecente...
As Lágrimas do tempo jamais apagarão
O sair da caverna no inverno incandescente
Em jardins naturais inexplorados a visão
A cura milagrosa e divina para o doente...
Onde calendários vieram destruídos
A pedra fundamental deste reino erudito
Sem bússolas, sem luz, sem ruídos
Acompanhada pela vela e antigos manuscritos
Ao som das asas de 1999 borboletas
Brincando umas com as outras na inocência
Não há força maior em nenhum planeta
O mistério mais antigo da existência...
Grilos e corujas fazendo parte da sinfonia
Enquanto gotas de chuva declamavam
Elementos fundamentais para nossa alquimia
Enquanto órbitas celestes se alinhavam...
Uma suave e pura poesia nascia
A agulha tocava o disco antigo
Muito maior que qualquer energia
No dilúvio encontrou único abrigo ...
O som se esparramava como ecos no além
A melodia era orquestrada em melancolia
A voz em sussurros roucos, dizia "Vem..."
“Despertas! Irás retornar por mais um dia...”
E em acordes afinados de um velho violão
Arranhando notas de loucura e tristeza
Manchando assoalhos na cega direção
Contra essa força não existe defesa...
Futuro, presente e passado se fundiram
No balé do tempo entre as dimensões
Choraram, sofreram, sorriram...
A barca sendo levada sem tripulações
O ponteiro sofria mas não andava mais...
O coração parou... E dez minutos depois, voltou a bater...
https://www.youtube.com/watch?v=CcflwUYYoXk
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