Amor no sertão

Zé Severino era um rapaz

Como tantos por aí havia

Amar outra não era capaz

Só tinha olhos pra Maria

Moça com belezura tenaz

De suspirar por ela vivia

Para esposa, vontade voraz

Sonhar com isso não resistia

Como a vida é dura e penosa

O Zé sofria com a rejeição

A moça não lhe dava prosa

Ele não entendia a razão

Dias a fio passou a atinar

Aos miolos deu comichão

Para a bela Maria conquistar

Tinha que derreter seu coração

Conversou com certo amigo

Um aguçado poeta do sertão

Fez para ele solene pedido

Lindas palavras de intenção

Assim o pomposo trovador

Correu escrever a declaração

Formosos versos de amor

Pra Maria perfeito alçapão

Aos pés do Zé cortejador

Ela enamorada pôs-se então

No casório laranjeira em flor

Festança, cachaça e animação

Na matriz votos com louvor

Há muitas Luas dura a união!