DEGRAUS DA VIDA

Quando eu nasci

O mundo era assim;

Um imenso espaço aberto

Pra um ser tão pequeno

Vindo de tão pequeno mundo

Onde me encolhia

Quieto e calmo

No cantinho da vida

Ainda por ser vivida

.

Mas quando nasci

Despido de tudo

Vestiram-me de sol,

Cobriram-me de chuva

E me levaram pra dançar

A música do vento

Nos braços do tempo,

E eu dancei

No passo apertado

O compasso dos sonhos

Que eu sonhava acordado.

Depois eu cresci

E pela vida passei

Levando e sendo levado

Nos braços de um destino

Que eu nunca conheci.

Por isso dormi,

Sonhei e acordei

Subindo os degraus

Dessa escada maldita

Que já estava pronta

Esperando por mim

Desde o primeiro dia

Em que nesse mundo pisei.

E agora

Que o tempo caiu

Esvaindo-se em grãos

A sangrarem vermelhos

Das veias abertas

Desse pobre velho

Que ainda vive

De teimoso que é,

Só me resta por consolo

Lavar com lágrimas

Esses degraus que pisei

Purificando-os

Pra deixar de herança

A essas almas condenadas

Que um dia ainda

Pela primeira vez

Nessa escada subirão.