A REVOLTA DO POETA

Depois daquele último adeus

Resolvi escrever

Esse derradeiro verso

E nunca mais acreditar

No sorriso de uma mulher!

Resolvi que todos

Os que vieram antes deste,

Que agora escrevo,

Eu iria ajuntar

Enfeixando-os em poesias

A serem queimadas

Nas ardentes fogueiras

Do seu olhar.

E quando o fogo apagar

Vou recolher suas cinzas

Na palma da minha mão

Pra fazer um chá

E dar pra ela tomar,

O resto de poeira

Que porventura sobrar

Vou levar na praia

E atirar ao mar.

Por fim vou me deitar

Nessa praia deserta

Pra conversar com a lua

E meus segredos contar,

Até que o dia amanheça

E ela de novo

Venha me buscar.

E amanhã vou acordar

Pra escrever outro verso

Que novamente será o último

Se de novo ela comigo

Outra vez vier brigar.