Meia-noite


É meia-noite,
e no silêncio dos olhos fechados
existe música em alegria.
Nos sons que a vida ensina
a melodia é indelével
e o baile docemente suave.
Na canção em que se oferece flores
o éden transborda em fragrância.
Existe a pétala da compaixão,
da virtude,
do respeito
e do carinho.
Quando a chuva não vem,
a lágrima mata a sede
e o sorriso empresta sombra.
Quando a tempestade chega,
o abrigo vem do amor
e o abraço aquece.
Podamos espinhos
e tratamos a erva daninha.
Mas é meia-noite,
e os olhos agora abertos
já não são mais mudos.
O que era jardim vira deserto,
tornando a caminhada árdua
e escondendo o jasmim.
Porém a travessia traz bálsamo
e o frio insuportável da noite sucumbe ao calor da alma.
A via não é solitária,
pois mesmo diante de perdas
e quedas inevitáveis,
existe sempre o levantar necessário
com a força inabalável da fé.
Ainda é meia-noite,
e o sono fugidio
é a rebeldia do pensar.
Não há controle sobre o som
mas existe sobre a voz.
Para cada dor vem o aprendizado,
para cada aprendizado um novo sorriso,
para cada sorriso um novo começo,
para novo começo, distinto fim.
Continuo oferecendo flores,
pois minha rima é carícia
e o sentimento não é plebeu.
O buquê da entrega,
tem a essência do sentir,
suporta o calor do deserto,
e o frio da tempestade.
Na luta travada à meia-noite
a fé é arrimo,
e sob a égide da resiliência
a derrota é uma palavra sem tradução.
Já amanheceu,
sou jardineiro e a orquídea me é esmeralda...

 
Tarcisio Bruno
Enviado por Tarcisio Bruno em 08/02/2016
Reeditado em 19/09/2016
Código do texto: T5537702
Classificação de conteúdo: seguro