Reprodução do Amor
Cale-se
A ambição é criar um idioma para isso
Um ouvido que reproduza o momento
Silêncio para compreender o compromisso
Submissão para inclinar-se ao invento.
Levante-se
A alma é subalterna e alterna a calma
São dilúvios e tornados; fé nas bonanças
As crianças do teu seio estão na tua alma
Veem a palma da mão pra verem mudanças.
Respire-se
Parte de ti se tornará parte de mim. Um
A concupiscência é apenas a libido original
Pecadores em comunhão egrégia? Hum!
Minha vida é tua vida, verdade virginal.
Apoie-se
O coração não pode se apodrecer do nada
O espírito não pode se alimentar do vazio
O trato é simples: não há dois de cada
só há o resultado uníssono é o fator sadio.
Considere:
A realidade muda, a idade muda: até falar
Diante dos fatos, amar é um verbo volátil
A alma muda, o destino muda: mas calar?
Cuidado, o sentimento não é algo portátil.
Dilacere:
Todas as dúvidas propostas numa frase
A sentença é uma oração ou uma prisão
Não é clichê, mas por favor: não atrase
O corpo é insensível mas a consciência, não.
Afinal:
O que sentimos de verdade, então?
Somos a realidade do sentimento moderno?
Do que fomos feitos de verdade, então?
Somos a consciência dum alento interno?
Finalmente:
A fala fica muda, a palavra fica surda e cega
Falamos sobre instintos e tornamo-nos rudes
Dialogamos sobre paixões e afinal a ira prega
Um veraneio de verdades constatam juventudes.
Ah, infelizmente:
O amor é feito de carinhos telúricos e sinestesias
De brados e contemplações rústicas e pré-Históricas
De cóleras instigantes e das colagenicas anestesias
Sem divergências pois é um sentimento de retóricas.
Ou seria felizmente?
O corpo fala, ele não mente, ele sabe o que sente
Não é intermitente, não falseia felicidade. É assim:
Um peso de uma eternidade em cima do continente
Que de tão contente, perdeu o fôlego de dizer: Sim!