Não Sei Se Tu existes

Não sei se tu existes,

se és além do meu olhar.

Tu, esse ser que inventei

de céu e luz, pele de aurora,

translúcida e aérea,

luminosa e musical,

vestida de arco-íris

seduzindo os girassóis.

Não sei se és a que abraço,

celestial,

envolta em nuvem

com o sol sobre os cabelos

e estrelas no olhar,

o terno alumbramento

que aos meus olhos se define

poderoso e angelical.

Quando o amor se apodera

faz-se tênue a divisória

entre o mágico e o real.

Céu e terra se confundem,

o eterno e o efêmero

conspiram de mãos dadas...

Pois é de olhos fechados

que enxergamos o infinito

quando as línguas se traduzem

nos vocábulos do beijo.

Por isso eu não sei

se tu és a que se despe em véus de lua

e humildemente nua

vem vestir a minha pele,

e é só o que eu enxergo

e só vive o que eu sinto

e só sente o que eu vivo.

Eu não sei se tu és essa

que só eu sei ver assim,

ou se és a outra,

que se veste e vai embora

sem saber que a que eu percebo

continua amando em mim.