CONVERSA POÉTICA

-Sinto sua falta...

Sinto falta de nós dois!

Sinto-me jogada ao vento

Ao relento em uma fria

Noite de solidão!

- Queria de verdade que tivesse mesmo

Sido jogada ao vento, assim quem sabe?

Este vento soprasse forte, para as bandas

Do Rio de Janeiro, e que eu, ao olhar

Para o céu admirando as estrelas

Pudesse vê-la viajando numa estrela

Cadente, para cair como flecha certeira

Bem no meio do meu coração.

-Uma estrela cadente?

Sinto a poesia escorrer por entre

As minhas mãos. Vejo meus pés

Sem chão, o meu olhar perdido

Num vazio constante vagando

Em busca do seu horizonte...

Submersa nas águas frias da minha solidão

Encontro-me ardendo em chamas, quase

Louca querendo ouvir, que ainda me amas!

- Nesse seu sonhar tão poético

Segue os meus versos por vezes

Tão perversos por outras, tão românticos!

São nessas entre linhas que me encontro

Nessas rimas que me faço poema...

Aprisionado entre a relva e a algema

De um sentimento escondido, ferido

Parece até sina! Tantos versos escritos

Em uma única página em branco...

E nesse entrelaço de braços e pernas

Corpos nus, cobertos por um céu de estrelas

Segue o poeta, segue a poesia... Amando-se

Em versos de lençóis linho branco

De uma cama sempre vazia.

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 02/02/2016
Reeditado em 02/02/2016
Código do texto: T5531429
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