CONVERSA POÉTICA
-Sinto sua falta...
Sinto falta de nós dois!
Sinto-me jogada ao vento
Ao relento em uma fria
Noite de solidão!
- Queria de verdade que tivesse mesmo
Sido jogada ao vento, assim quem sabe?
Este vento soprasse forte, para as bandas
Do Rio de Janeiro, e que eu, ao olhar
Para o céu admirando as estrelas
Pudesse vê-la viajando numa estrela
Cadente, para cair como flecha certeira
Bem no meio do meu coração.
-Uma estrela cadente?
Sinto a poesia escorrer por entre
As minhas mãos. Vejo meus pés
Sem chão, o meu olhar perdido
Num vazio constante vagando
Em busca do seu horizonte...
Submersa nas águas frias da minha solidão
Encontro-me ardendo em chamas, quase
Louca querendo ouvir, que ainda me amas!
- Nesse seu sonhar tão poético
Segue os meus versos por vezes
Tão perversos por outras, tão românticos!
São nessas entre linhas que me encontro
Nessas rimas que me faço poema...
Aprisionado entre a relva e a algema
De um sentimento escondido, ferido
Parece até sina! Tantos versos escritos
Em uma única página em branco...
E nesse entrelaço de braços e pernas
Corpos nus, cobertos por um céu de estrelas
Segue o poeta, segue a poesia... Amando-se
Em versos de lençóis linho branco
De uma cama sempre vazia.