DAS ESPERAS - II

Eu sou o que te espera após o estio

Daquela noite escura, tombada a perecer

De fome e frio, cega, querendo rever

Teus olhos de alquimias ainda que tardios.

Eu sou a noite que atravessa sombras

Enquanto vigio o gosto de teus beijos

Em rondas de sonhos, amor e desejos

Debaixo das palavras que me assombras.

Sou a voz tremula e ansiosa que te espera

Num sussurro de ondas agigantando o mar,

No flagrante do leito, no teu peito de amar

E nesse sorriso que no meu rosto se fizera.

Eis que trago minhas mãos em teus cabelos

E meus lábios em tua boca onde desatei

Meu corpo acalorado que no teu tanto amei,

Apaixonadamente, vem amor, hei de vivê-lo.