A Vida que me aquece

O vento me gela a face

A chuva molha meus lábios

E de longe Ele corre a mim

Com o guarda-chuva

Me alegra no caminho

Que faz e desfaz a minha frente

As manhãs de vez em quando dormem

Não há melodia que voa

O pão da esquina esfria às cinco

Faz oscilar meu peito

E das minhas mãos quebra o feito

Aquela linda xícara

Aquela do século passado

Quebra, estilhaça no chão

Olho e me vejo

Ele vem

Me acalma a alma

Sem relutância

Vivo em seu ar

Nos seus olhos que me soltam

Aprendo a me descontrolar

Sem me medir para O amar

Ele é o pai que me chama pra casa

Quando fujo

Quando quero me ferir instintivamente

Com o brinquedo perigoso

Perigo que eu crio

Ele não me impõe rancor

Mas me fala do que for

E me acompanha

Sem nunca incomodar

E me direciona com seu olhar

Ele é maior que meu vazio

Que caminhava sem Ele

Antes da chuva no frio.

Izandra Varela
Enviado por Izandra Varela em 29/01/2016
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