Sei lá.
Sei lá
O mar, imortal, se afasta da praia.
As águas deslizam para o infinito
expondo a areia rústica, que seca.
Conchinhas ficam por lembranças
Na ponta da enseada, a pedra.
Solitária deixa o musgo aflorar,
inseguro e sem flores, só cores
que o ermo fantasia os olhos.
O céu, celeste paraíso, esvoaça.
Nuvens revoltas encobrem o sol
que suplantado cintila sem fulgor,
não concebe ardência ao corpo.
No cair da tarde sem vida, a pedra
inanimada se recolhe ao silêncio
do rugir do vento, que não a fere,
sente seus mundos afastarem-se.
Na ponta da enseada, o homem.
Vestindo uma bolinha vermelha,
sentado na pedra, fria como a vida,
no turbilhão das águas e das nuvens
busca o quê restou do seu passado
refletido na visão do sonho, ilusão.
Sorvendo o fel, néctar mortífero
a banhar lembranças, momentos,
sente a real realidade de décadas
vividas no vazio do céu e do mar.
Ilusões... Engodos... Pantomimas.
Ardis que o tiraram de um passado.
Vislumbrando um céu imaculado
espera a lua sonhando em mudar.
Carlos Gritti
24.11.2 015