Índice
É isso, essa coisa que se alonja sem sair de perto,
Que se acerca ilusória qual miragem no deserto;
Que se sonha ao dormir, e até, quando desperto,
Por certo todos sabem que estou a falar de amor;
É isso, o jogo quase perdido, mas, inda uma carta,
A porra da esperança, bebe, bebe, nunca se farta,
Na resiliência valente de um guerreiro de Esparta,
Descarta toda a lógica, o tino, o siso, do sonhador...
É isso, o amor tá sempre certo, a linha que é torta,
Acredita em milagres na ressurreição de sua morta,
Mesmo tenda já amassado sua cara contra a porta,
Conforta o ferido, com um porvir ditoso, promissor;
É isso, o ladrão do bem, que se indulgencia, se furta
anda na velocidade da luz, faz a vasta lonjura, curta,
a realidade espinheiro, verte em sonho numa murta,
encurta, com sua poção feiticeira , as marcas da dor...
Mas, se sua semente e a terra se encontram, enfim,
Broto nela ela em mim, daí, mesclamos o nosso viço,
É fogo, pele, ardor, calor, palavrões, licor, e tim-tim,
Enfim, só alistei o índice, pois, é muito mais que isso...