Par e impar

Par e impar.

Ficam gritando desesperados

Idéias caindo do céu

Todo mundo sentado no alambrado

Esperando o monstro do lago

Fazer aquela onda cruel

Cabeça batendo no mundo

Tudo, tudo, tudo, esta virado.

Tudo, tudo, tudo, esta virado.

Tudo que foi dito

Terá que se explicado

Tudo escutado será anulado

Para todos os lados que se vê

Seu rosto na tela da TV

Como posso suportar, sem chorar.

Sair correndo pelo mundo e gritar.

Não posso entender, não posso entender.

Esse significado

Esse mundo e o pecado

Melhor ficar calado

Tudo que foi dito

Terá que ser entendido

Terá que ser falado.

Pela boca do povo

Pela boca do mundo

Não sei porque estou aqui parado

Esperando o ônibus quebrado

Quero correr e não ver

Nem aquela cruz

Fui crucificado

Coração embaralhado

Quero ir para casa ficar deitado

Esperando a carta chegar

Trazendo como de costume

Tudo bem danificado

Um monte de letras coladas

Levaram ontem meu coração empalhado

E agora pedem um gole de cachaça

E nada para entregar a não ser o meu maço

Mas nada vai ser dito se você não parar

Diga o que digo e nada pode voar

Pois tudo que falei

É por lei

Não lembro nada do passado

A não ser o coração rasgado

Tudo pelo ralo do futuro

Computadores, fios e muita TV

Eu quero acordar um dia e te ver

Ali parada

Tomando café

Que foi feito do balé?

Plano de viver nas estrelas

Sem querer correr e fazer poeira

Olhando o azul da terra lá de cima

Vivendo sozinho e cantando em dó maior

Ré acima

Estourada a porta do vizinho

E a mulher tomando seu caminho

Não podemos ficar parados

Foi falado, mas, mas

Tudo por escrito

Tudo por escrito

Pela boca do povo

Pela boca do mundo

Vamos sair do muro

Há muita coisa para escudar

Vamos todos, todos estudar

Escola, casa e diversão

Amores para o coração

Esqueça o meu no armário

Atrás do espelho o passado

Vidros quebrados

Estilhaços e embaço.

Para a festa um trago

Você e o barato

Que trago noite num quarto

E acordo doido, um abraço

Coração colado

Pedaço de saudade

Aperto de mão e um baralho

Uma roda que gira como o mundo

Azul do céu ilumine tudo

Não sei porque estou correndo

Se tudo da voltas e acabo vendo

Parado.

Quero ir para casa ficar deitado

Esperando a carta chegar

Trazendo sorrisos e o costume vai te esperar

Amanha irei visitar

Primeira coisa, beijar.

À noite temos, o que conversar.

Diogo Diniz Garcia Gomes