Amor é substantivo próprio

Amor?

Que é isto no centro do peito?

Vertendo no centro do sexo?

Vivendo com centro nos outros,

Fervendo no centro do cérebro?

Que será mesmo esse tal de amor?

Que chega como quem faz bem

Te dilacera, te corrompe

E você ainda ousa dizer

Que sentimento mais lindo não há

Que será? Sabe-se o que não é

E amor isso não há de ser

Amor doce sensação

Que transforma até o mais teimoso

E amolece o coração mais duro

Que entorpece

Distorce

Priva da razão

Nos tira a clareza

Amor!

Vira as mentes de cabeça pra baixo sem dó

Faz corpos tremerem, mãos suarem

Bocas pronunciarem românticos clichês

Rouba da vida todos os sentidos

E entrega-lhe razões novas pra continuar

Nos quebra por dentro, só pelo prazer de consertar

colocam-no em altar

à luz de velas brancas

como se de pureza o fosse

enquanto eu, de velas negras o cerco

já que de ausências se faz

cá pra mim, o amor

ausência de cor

de mim, de dor

eis, assim

pra mim

o tal

amor

Talvez o confundimos com carência

Talvez com ele preenchemos a solidão

Mas se ele esta em todos os lugares

Será que é quando sentimos tudo de uma vez ?

Quando de sentimentos inexplicáveis afogamos o coração ?

Ainda que me fira a alma

Que a realidade seja meu carrasco

Que a dor de sua inexistência seja tão profunda...

Como uma lança transpassada em meu peito

Ainda que a lucidez me amordace

Continuarei acreditando que

O amor seja uma de minhas faces!

Deixa o coração falar
Enviado por Deixa o coração falar em 24/01/2016
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