Poesia da atualização

Você me perguntou

O motivo de não escrever mais

O motivo de não chorar mais

De não sofrer mais

Em uma só interrogativa.

No meu jeito, disse que mudei

Por meio de gestos e exclamações.

Pouco depois me dei conta

Que a mudança não aconteceu

Não sofro/choro mais

Por acreditar que encontrei amor.

Só escrevia por dor.

E hoje estou aqui

Escrevendo com medo de antecipá-la.

Não quero mais acanhamento.

Vivo bem sem ele.

Dizem que essa audácia é digna de heróis.

Se o sou, não sei.

Mas acho que a ideia de passar

De covarde a mártir de mim mesmo, me agrada.

Eu rezo todo dia

Para que cada “bom dia, amor”

Receba a devolutiva “oi, amô”

Para que eu não sofra de novo

O que você e eu sofremos.

Se perguntas meu desejo?

Respondo que quero todos bem

(e que meu querer bem só quer mais reciprocidade)