Através do tempo
À Xana Gallo.
Certa feita perguntei ao Tempo
– pois a gente me dizia isso –
se na vida tudo mesmo passa.
Ardiloso como de costume,
o tal Tempo me mostrou o lume
da cantiga que o cerne atravessa
dessas coisas que são mais que eternas.
Dentre elas, só o amor floresce,
pois verdade que jamais fenece.
E no peito uma semente cresce,
testemunha de todos amantes
que intenso não sentiram antes
esta chama que incendeia corpos.
Sejam vivos ou estejam mortos,
tais amantes atravessam eras
e se encontram em noites de lua
com a galáxia se despindo nua
para os brilhos das estrelas frias
se aquecerem no calor das ruas
em fogueiras que se erigem belas
pra saudar o amor que se irradia
dessas almas que Tempo não cala.