Quando as almas não podem...
Quando as almas não podem...
Vejo claramente a cor dos olhos dela
na selvagem e densa escuridão dos meus desejos,
quando turva-se sua face e dela sinto sede,
na límpida paixão que nos envolve agora.
O vento apaixonado traz teu cheiro; ele chega e fica,
esquisito, como quando me visita, trazendo seu retrato,
fazendo-me sentir, da boca ao peito, o espremer da alma,
em sonho enlouquecido e bem maior que o sono,
do que a noite, do que o açoite, do que minha tara.
Com que alma te contentas? A de depois do vinho?
a da madrugada?
ou a que tecemos a qualquer hora e em qualquer estrada?
Tu és o meu maior amor, maior que o mundo, maior que tudo.
Sinto que meus passos, andam sobre teu olhar, achando a vida,
desfazendo qualquer despedida que nos possa afastar um do outro.
Mas teu mundo não habita o meu.
Tens teus amores secretos, tenho os meus,
Somos almas distraídas lapidando um amor que nunca nos conheceu
de verdade.
Segue!
Vai para onde já não posso ir. Não tome este verso como despedida,
porque algum dia poderás vir, e aí, ai de ti, ai de mim,
selvagemente juntos, inseparavelmente tudo, por um amor
maior que nossas próprias vidas.