Ausência

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Se tens que julgar-me pelo que eu fui e o que sou agora,
eu te peço: Seja breve , pois não suportaria a angústia das horas.
Vê, ó amada: as palavras secaram no céu da minha bôca
E não sei o que dizer, exceto, que te amo.
E, se isso não te é suficiente, perdôe o engano,
a mesquinhês, tua espera vã
por alguns pobres versos meus,
por este sorriso, que já foi sol de primavera,
e por este olhar, que foi a aurora de todas as manhãs.
É que agora, são só traços de fumaça envôltos
no ar rarefeito de minha existência fatigada.
Perdoa-me, pois sou qual estéril poeta, sem a luz das fantasias
e órfão do brilho das palavras retidas na garganta.
E não adianta , a gente é o que sente !
Vê o mar largo de tempestades ?
ora gritando, ora calado; ora agitado,
ora silente, como se não estivesse alí ?

Pois, sou o mar e suas dôres .
Porquê não me vês assim ?
Algumas vezes sou turbulência,
noutras, sou toda a ausência de mi
m.







 
José Feliciano de Souza
Enviado por José Feliciano de Souza em 19/01/2016
Reeditado em 11/05/2021
Código do texto: T5516266
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