Agonia
Expeli essa agonia,
desse passado tão denso
voraz mói meus ossos,
minh'alma fogueia
queima a plena seca
a floresta dos sonhos,
lugar do meu pássaro negro.
Se há alguma forma
expeli essa agonia,
arrancai-a.
Anjo triste sob
o mel da laranjeira
gotejado no passado,
outrora pairava alegre
mil perfumes
tantos encantos!
Mar de sangue
das minhas estruturas.
Sinto-me mar turvo
de grandes peixes
vorazes, horrendos,
dentes pontiagudos
nessa agonia fulminante
um choro, dorme,
no meio caminho,
plantando esperanças
e sonhos!
Olhos expressivos de dor
agoniza um oco
e meu pássaro negro
voa livre os céus
da liberdade
e prende-me nessa agonia,
sinto o som do beijo
e suas asas,
lindas negras
azuladas!
Meu todo dissolvido
no tempo breve
entre o amor
ardente desejo
meu pássaro negro
doce o menino
sonhos destituídos a pó
me furtam a vida
e me premia de dor!