À espera de uma estrela
Aos pássaros a terra mostra a sua história:
traços leves, arranhões profundos
valas a rasgar o corpo que vem de longe e
que se desvanece, sem fim à vista.
Como nós.
Quando se volta à lucidez, vai o sol alto, a vida adiantada
e sente-se, crescente, a fome de palavras
de voz que dê sentido à luz e à lama
ao amor da vulgaridade.
Somos corpos em chama
começo e fim de mundos prometidos
em todos os caminhos.
Nas tripas da cidade há perdidos e ocultos.
É lá que apodrecemos à espera de uma estrela.