Das Vísceras...
Eu já não consigo promover a fala
uma inconsciência faz dizer: viva
sinto palavras amordaçadas na sala
no canto, da boca: à loucura altiva.
Me importa dizer o mundo é preto
talvez esteja na cegueira vaidosa
do orgulho transformado em soneto
que vai me levar a vontade furiosa.
É uma mentira dizer: a alma move
não, ela sequer caminha em poesia
engessada, esqueceu o termo inove
por perecimento da idiossincrasia.
Entendi e não sei se vai acontecer
sequer entreterei esta consciência
mas descrevo, penso: vou apodrecer
sem a certeza da sua permanência.
A alma que se conserva transparente
trabalha em sua vivacidade cristalina
da minha ilha sináptica sou contente
e você pode morar comigo na campina.
A cada sútil golpe de sua estranheza
batem-me as lágrimas da genialidade
que rezam para que a minha nobreza
supere a convulsão da impulsividade.
Não quero saber se a alma é profana
tampouco o orgulho levantará infinito
cada rito espalhará a pureza humana
na volição esmagadora do final grito!
É uma escravidão insincera vista dela
desaguando a agressividade impotente
a maldade imensa que se vê da janela
implanta a ímpia realidade comovente.
Rugindo como um leão por dias inteiros
são desesperos transformados em sons
durante as horas que dilaceram viveiros
na gestação destes sentimentos bons.
Não preciso de alguém que me idolatre
só determinar quem será a forja ardente
e quem escolherá viver neste ermo catre
até que os dias sejam noite eternamente.