Das Vísceras...

Eu já não consigo promover a fala

uma inconsciência faz dizer: viva

sinto palavras amordaçadas na sala

no canto, da boca: à loucura altiva.

Me importa dizer o mundo é preto

talvez esteja na cegueira vaidosa

do orgulho transformado em soneto

que vai me levar a vontade furiosa.

É uma mentira dizer: a alma move

não, ela sequer caminha em poesia

engessada, esqueceu o termo inove

por perecimento da idiossincrasia.

Entendi e não sei se vai acontecer

sequer entreterei esta consciência

mas descrevo, penso: vou apodrecer

sem a certeza da sua permanência.

A alma que se conserva transparente

trabalha em sua vivacidade cristalina

da minha ilha sináptica sou contente

e você pode morar comigo na campina.

A cada sútil golpe de sua estranheza

batem-me as lágrimas da genialidade

que rezam para que a minha nobreza

supere a convulsão da impulsividade.

Não quero saber se a alma é profana

tampouco o orgulho levantará infinito

cada rito espalhará a pureza humana

na volição esmagadora do final grito!

É uma escravidão insincera vista dela

desaguando a agressividade impotente

a maldade imensa que se vê da janela

implanta a ímpia realidade comovente.

Rugindo como um leão por dias inteiros

são desesperos transformados em sons

durante as horas que dilaceram viveiros

na gestação destes sentimentos bons.

Não preciso de alguém que me idolatre

só determinar quem será a forja ardente

e quem escolherá viver neste ermo catre

até que os dias sejam noite eternamente.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 16/01/2016
Código do texto: T5513075
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