Quando eu trouxe sua cabeça ao meu peito,
Ela já estava morta.
Seus olhos morreram em meus olhos,
Seu corpo morreu em meu corpo,
Sua alma morreu em minha alma,
Sua vida, morreu em minha vida.
Segurei em suas mãos, ainda quentes,
Tive a impressão de movimento,
Um leve gesto de adeus, o qual não compreendia,
No dia em que ela morreu.
Coloquei as mãos em seus seios
Na esperança de um palpitar presente,
Mas seu coração silente
Não iria mais me amar.
Porque dormir,
Se me furtaram os sonhos?
Seu vestido novo, de tranças na cintura,
Naquela altura, manchado de sangue,
E o corpo exangue me dizendo adeus.
Meus pensamentos duvidavam de Deus,
Não havia voz a ser ouvida,
Não havia a minha voz.
Nós nos prometemos um ao outro,
Mas não cumprimos o prometido.
Eu pensava,
Deus está enganado,
O corpo ali deitado
Deveria ser o meu.
Mas ela morreu,
Nunca mais eu fui ao mar.
Nunca mais eu fui aos céus.
Nunca mais a poesia me levou.
Meu coração amou, meu corpo amou,
Eu amei a que estava morta
Com a cabeça em meu peito.
Jamais pensei como seria,
Nunca mais eu quis pensar,
Pensar seria o encontro
Do afogado com o mar.
Apenas triste, ao infinito,
Com meu grito guardado
Para o dia em que me for
Encontrar com ela e dizer:
“Juntos, meu amor!”
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 12/01/2016
Código do texto: T5509003
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