Um dia seremos
Eu cá, tu lá.
Longe do que somos,
Assim seremos...
Não teremos mais um rosto liso
E um sorriso fácil.
As manchas em nossas mãos
Dirão que fizemos muitas poesias nesta vida.
E nosso olhos então, até onde enxergarão?
Tu ficarás na casa, fazendo almofadas de crochê,
Olhando as violetas na janela
E o beija-flor que se alimenta sempre na mesma hora.
A televisão estará ligada, para que durmas um pouco,
E tu digas que assistiu ao filme.
Tuas mãos dirão quantos anos têm.
Eu, ainda em busca de algo que não conheço e que nunca chega,
Tateando a vida e levando comigo as palavras cruzadas.
Estarei dando risadas ao ouvir qualquer besteira,
Possivelmente, irei urinar no chão.
Ao olhar no espelho, verei um pescoço de lagarto
E a falta de um dente que me era importante.
Tomarei tantos remédios quanto me caiba na goela,
Enquanto a tigela de mingau de aveia esfria.
E tu estarás linda de cabelos prateados
E teus olhos verdes inundando o universo.
Saberás que não estou, mas sentirás minha presença
E o amor que permeou toda a nossa jornada.
Eu cá, tu lá.
 

 
MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 10/01/2016
Reeditado em 10/01/2016
Código do texto: T5506700
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