Ela

Ela ia bonita

Pela estrada infinita

Com sua bicicleta

Um tanto indiscreta.

Era cor-de-rosa;

E seu nome era Rosa.

Com pressa de gente,

Ela ia de repente.

Um olhar eu mirava.

Nem bola ela dava.

Fiquei um tanto triste,

Como quem nem existe.

Os cabelos ao vento

Sopravam contentes.

Às vezes eu pensava

Que ela era brava

Por ser contumaz

Em não olhar para trás.

A vida tão bela

Sorria para ela

Levando-a pelo caminho

De flor sem espinho.

Enquanto eu pensava

Que a vida não me amava.

Seu vestido florido

Sob o joelho esquecido

Mostrava sua beleza

De jovem princesa,

Com quem eu sonhava

Cada vez que passava.

Antes que fosse levada

Pela curva da estrada,

Ela olhou de improviso

E me deu um sorriso.

Senti meu coração

Tropeçar de emoção.

Pela estrada ela desapareceu,

Mas ficou no meu eu

O sorriso tão puro,

Um porto seguro.

Amanhã cá vou ficar

Esperando ela passar.