UM CONTO DE ENCONTRO
Tudo começou com um pedido de licença acompanhado d'um sorriso tímido.
Cada qual foi para o extremo, lado oposto do salão. De quando em vez, podia-se ver o desviar do rosto e os olhos percorrerem o ambiente na maior desfaçatez, à procura dos olhos do outro. Nessa sutil e aleatória troca de olhares, em meio a multidão, permaneceram durante toda a palestra. Quando o orador despediu-se com um caloroso 'boa noite', induzindo a plateia repetir no mesmo tom animado, ela deixou escapar um sorriso mais aberto.
Ao encaminhar-se, quase que simultaneamente para a porta de saída, ainda com os olhares furtivos, eles mais uma vez, "despropositadamente", esbarram-se e daí foi inevitável o contato.
Um jantar, depois caminhar de mãos dadas pela ciclovia da Paulista, virou rotina entre eles. Expuseram todos os pontos de vistas, um ao outro, sobre diversos temas: Emocionais, sociais, econômicos... -Até hoje os debates são fervorosos. Nem sempre estão de comum acordo, mas soube que há mais de vinte anos acordam juntos todos os dias no mesmo ponto de encontro.