Os líquidos
Acorda deste teu sono restrito,
põe o mel à mesa do dia:
é chegado o tempo de amor.
Tocarão os sinos,
colocarão a barca no mar
sairão pela encosta oceânica
à cata de peixes prateados.
Teu destilado sonho
é assim que se reproduz em mim:
à farta das iniciações solares,
próximo às epifanias marítimas
e em comunhão com as algas.
Caminharemos com os pescadores.
Seremos a exata medida
entre fome e pão,
água e substância
limite e infinito
e outras redenções deste amor
à luz das tempestades antigas.
Acorda o teu sono, amor,
pois todos os cristais líquidos
estão em nós, vivos e intocáveis.