Os líquidos

Acorda deste teu sono restrito,

põe o mel à mesa do dia:

é chegado o tempo de amor.

Tocarão os sinos,

colocarão a barca no mar

sairão pela encosta oceânica

à cata de peixes prateados.

Teu destilado sonho

é assim que se reproduz em mim:

à farta das iniciações solares,

próximo às epifanias marítimas

e em comunhão com as algas.

Caminharemos com os pescadores.

Seremos a exata medida

entre fome e pão,

água e substância

limite e infinito

e outras redenções deste amor

à luz das tempestades antigas.

Acorda o teu sono, amor,

pois todos os cristais líquidos

estão em nós, vivos e intocáveis.

Fernando Marini
Enviado por Fernando Marini em 04/01/2016
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