Submersa
Parte I
Aquela que fui há algum tempo
Vangloriando-se da sua soberana sabedoria
Me atira um olhar irônico
Por reconhecer que nada do futuro sabia
Pois foi por nada saber
Que sua decisão tomou de buscar o incerto
Na forma de sonhos embaçados, a não desiludir-se
Em cada um deles não desperto
Parte II
E daí que por serem incertos
Surpresas em dobro trouxeram as façanhas
Quando tocar as árvores não bastava para sentir as árvores
Lhes escalava os galhos
Se alimentava dos frutos
E de suas entranhas
E esta que agora no espelho me fita
Banhada em fogo e gengibre recita:
- Lembra-te que ao escalar a árvore
Teu desejo inical era a paisagem admirar
Mas por tanto acreditar naquela que foste há um tempo
Acabaste por no lago mergulhar
Onde tudo é mais leve, exceto o folego
Onde a ansiedade susurra, mas o coração acredita
Onde o silêncio é maior, mas o olhar grita
Onde o tempo é relativo, e um dia é uma vida
Submersa, o caminho é mais escuro
A lanterna é a presença sentida
E a boca mordida
O peito que bate
E dos corpos o encaixe
submersa,
Submerge?