Conversa de pele

Não sei se a noite passou

ou se parou.

Não sei se teu cheiro me prendeu

ou me soltou.

Minha pele ouviu o grito de teus poros.

Meus dedos sussurraram crônicas aos teus lábios.

E meus olhos escreveram poesias em teu corpo.

Tua pele, quando me prendeu.

Ou quando teu cabelo me amarrou.

Quando me perdi no labirinto entre teus olhos,

tuas sardas e

teus lábios.

A poesia falhou.

A tinta acabou.

O sol nasceu.

O taxi chegou.

Sem saber o que dizer

deixei meu pensamento borrado

numa folha arrancada de meu peito.

E te deixei no escuro quarto.

Sua respiração lenta e ritmada

determinando como um compasso

a música do meu peito contra o som do asfalto.

O som das folhas voando pela madrugada...

Mas até na poesia o adeus dura mais do que deveria.