VOCÊ
Não sei onde quando suas pupilas dilatam,
Quando seus lábios estão úmidos,
Quando suas mãos estão suadas,
Seus poros arrepiados.
Se o verde dos seus olhos
É mais intenso de manhã, ou de noite,
Se suas pernas ficam vermelhas com o calor
Se suas unhas estão sempre pintadas,
Se existe uma tatuagem secreta.
Nada sei do seu corpo
E de como ele se comporta,
E é desse mistério que me alimento.
Não conheço a música preferida dos seus ouvidos,
Em que passos você dança,
Qual a cor real dos seus cabelos.
Se os pelos do seu corpo ficam eriçados
Com o sopro suave do desejo,
Se um beijo é capaz de calar seus lábios
Ou se a intensidade da cor do seu batom
Incendeia as escuras madrugadas.
Não sei nada a seu respeito,
E é isso que eu respeito,
Pois o nada
É algo a ser explorado,
Nem tudo pode ser perfeito.
Sei que em seu peito
Habita um coração carente,
Assim como o meu,
Que tanto tempo esteve ausente.
Posso confundir a cor dos seus olhos
No lusco-fusco do entardecer,
Mas que sei de você
É que sua alma é transparente
Como o amor que brotou dentro da gente.