A face entrecortada em púrpura

Uma tarde de sábado,

meus olhos buscam

na longa estrada

algo que ainda não sei o que é.

Sento,

levanto,

sorrio,

me perco.

Um raio de sol brilha,

avermelhado.

Vejo um sorriso

a alguns metros de mim,

meu peito hesita em bater.

Meu corpo se enche de ti,

teus braços e pernas abraçam o Tempo,

e Ele também hesita em passar.

E o mundo se cala nos nossos braços

Entrelaçados.

Enquanto você dirige com um sorriso no rosto

um perfume se instaura em minha mente,

a doçura dos teus olhos avermelha minha face.

Enquanto seus cabelos balançam levemente em púrpura por sobre o ar

a estrada se encobre pela poeira...

não me importo mais,

o passado já não me interessa tanto.

O Tempo passa,

teu suor me entrelaça,

teu beijo me abraça

e que esse Tempo não faça

eu me tornar escravo da púrpura entrecortando tua face.

A sinestesia de sentimentos invade minha mente,

o cheiro do teu doce perfume,

o toque de teus cabelos,

e tua voz abre estradas em meus pensamentos,

as quais não sei onde vão parar.

Mas antes do último leve toque de lábios

uma massa de cabelo é cortada,

ao fim dos fios uma pena acinzentada,

que pende ao gosto do vento,

e seu brinco filtra pensamentos puros que ficarão ao meu lado.

O sábado pode ter sido ensolarado

mas,

nos dias chuvosos também lembro de ti,

afinal o devaneio também é uma realidade,

a qual minha mente ainda se perde.

"Não!

Tu não precisas voltar.

Prometo lhe chamar,

mas apenas quando o devaneio

e a vida

entrarem em consonância.

Por hora?

Mantenha-se em sonhos,

a realidade do seu doce perfume,

não é menos verdadeira que esses fios que se escondem em seus dedos."