Ele esconde esses cachos

Suas pupilas dilatadas

envolvidas num azul profundo,

fixadas em mim.

Seus lábios vermelhos gritando

e calando.

“não olhe assim pra mim”

A escuridão de meus olhos se chocando com a luz dos teus.

Teu olhar perfurando peitos,

Almas,

giro a caneta na mão para não te agarrar o braço,

olhar no fundo de teus olhos e gritar o que quero.

O que realmente quero.

Um leve toque,

não de corpos,

de almas.

“Você tem gosto do doce de pêssego de minha mãe”

Como podes afirmar isso, afinal?

“Ele esconde esses cachos.”

Sim, os cachos,

o peito,

a poesia,

o tempo,

a alma.

Ele esconde,

ou tenta esconder

tudo que pode.

Ele tem medo dos próprios cachos,,

ele tem medo de todas as coisas que deixou de fazer,

ele tem medo da poesia que sai pela tua garganta,

ele tem medo dos teus olhos,

ele tem medo de teus lábios,

ele tem medo de si mesmo.