MADRE LUCCIA
Madre Luccia
Glorifica-me ter esse prazer descarado
nesse imenso oceano d’águas bravias,
De dar-te claro, a oportunidade, por que não?
De desnudar-me de meus sentimentos
Descobrindo-te meus segredos... um dia.
Ainda que não sendo um tesouro
Desses já vistos nas profundezas, sepultados,
Na imensidão do mar ou dentre atóis de corais,
Jazem trancados, sob sete chaves, no recôndito
De meu corpo, sem revelá-los jamais.
Com teu corpo esguio, como uma Vênus,
Vagas por sobre as vagas, imponente.
Esparramas o feitiço de teu olhar fugidio,
cândido, terno, embora nada inocente.
Resplandeces maravilhosamente, única,
Com teus sedosos cabelos, esses anelos.
Fino linho d’ébano em bordada túnica,
Na densa teia sobre teus ombros desnudos,
... a acariciar suavemente teu lindo colo
de bronze o pigmento, em doirados tons,
na suave fragrância que de ti irradia
e nas curvas sugestivas de fulgurantes seios,
E a teu lado, espreito-te em mal contidos anseios.
Acompanho teu gingado frenético, irrequieta,
Encarnada no mar, na lua e na candura de Madre Luccia.
... Esse o desfrute da alma do poeta.
Urias Sérgio de Freitas.