Há tanto amor nas palavras não ditas,
engasgadas pela emoção contida no coração teimoso,
que insiste em sentir o que não faz mais sentido, 
sufocadas pela impotência de não ter para onde irem.
Queria poder apaga-las, como se apaga um rabisco em um papel, quando morre o que se acreditava amor.
Há tanto amor em nada dizer, em silenciar para o mundo a felicidade que um dia existiu nas palavras ditas, enrraizadas na alma solitária.
Também queria apagar esse amor, mas ele está incrustrado nos poros da pele, na película da mente.
Há tanto para dar, nada a receber, nada mais o que fazer, apenas isso, guardar-me junto às palavras asfixiantes desse amor inutilizado. 
Guardar-me para não padecer, para poder voltar a viver,
sem palavras, sem mais nada a dizer.