A canção que sonhei

Perdi o jeito mais sublime de te amar, me doava por inteiro.

A posição de minhas mãos te protegiam de toda solidão, te acompanhavam.

Nem quando a morte me proibir de viver, te esquecerei.

Perdi o sorriso diante do espelho de tua alma,

com raiva do medo que me fiz, cevando a desesperança.

Não poderia te perder. Éramos de nós dois, um do outro.

Mas hoje, trago comigo o suor do cansaço

e a pálida voz depois do grito,

a coragem de cruzar as cruzes do caminho,

não mais me ver sozinho: te ter sorrindo.

Trago comigo a dor sentida que me fez teu homem ontem,

que me desenhou para um mundo insano

aonde o cruel mora na permissão dos omissos e dos desenganos.

Por fim, entre estrelas, beijo o sol, em pleno frio dos polos.

Prometo jamais esquecer a poesia do nossos romances,

dos nossos poemas nascidos nos olhos,

quando algum desejo nos conduzia até as nuvens.

Prometi a mim mesmo abraçar teus versos,

o verso denso e o verso débil, do antes e do depois de nossos beijos,

quando acuados, éramos gente, muito rio, muito mar, muita mente.

Fina areia o mar me traz. Cansado maroleio,

é hora de voltar ao sono, sentir novamente o abandono,

saber que sou um poeta vivo e triste entre estes versos

de afeto e dor, de ira e amor: uma canção-protesto!