O amor que não mata
Gotas inertes observo e me fazem suspirar,
corpo frio, mãos tremulas, fraqueza no respirar.
Luz oculta que em não me tocar insiste,
saudade e lembrança que em mim persiste.
Sua face diante de meus olhos fechados, consigo ver,
coração acelera, agitado fica a bater.
O abraço apertado que não recebi,
o capitulo de um livro que não escrevi.
O fruto desse amor que no ventre não carrego,
um beijo com sorriso que esquecer não consigo.
Toque de mãos que faz arrepiar,
corpo a corpo na calada da noite a se juntar.
Estrela guia que ele esqueceu,
sol no escuro que não apareceu.
Papel branco, caneta e vinho tinto,
nossas brincadeiras distantes, mas permito,
mesmo não tendo nada a permitir,
vá voar meu passarinho, para onde deseja ir.
Não o prenderia,
ou para ficar pediria.
O livre arbítrio é todo seu,
meu coração que lhe pertenceu,
hoje palpita só,
o laço se desfez, não há nó...
Partiu sem saber,
não me permitiu nada compreender...
Pouco a pouco ensinou-me a te esquecer,
quero sem nada querer,
topar com o amor novamente,
ele fere, sem ferir intensamente...
Se um dia meu coração se restaurar, nobre plebeu
que nenhum outro olhar deixe a saudade que deixou o seu.
Quando em mim pensar,
não fique a duvidar,
em frente a um espelho na imensidão de meu olhar,
estarei sempre e sempre, mesmo só a brilhar.
Quando o abraço que não deu, não trazer saudade,
terei encontrado a felicidade.
Direi entre quatro paredes, sendo minha maior jura,
que o amor que não mata, é tão somente o que cura.
Pra sempre é para sempre, simples assim,
mas o que é eterno não tem fim.
Promessa que não cumpriu,
alegria que em seu próprio coração baniu.
Não tenho asas, mas sei voar,
escolhi aqui ficar, quem sabe um dia outro pássaro aqui venha, cantar e cantar...
Um pássaro que queira me reincinar a amar,
encontrar a paz sem medo de viver e sonhar.