O universo ficou suspenso em nossos olhos...
O universo ficou suspenso em nossos olhos
— o inesperado sopro de vida, ruflar de almas —
As palavras perderam-se num deserto de silêncio
Do encontro de nossas bocas, nossa linguagem.
Nossos corpos, um único idioma,
Uma única voz, um canto inexorável.
O universo ficou suspenso em nossos olhos.
O tempo esqueceu-se de si mesmo
Em nossas mãos entrelaçadas.
Tudo o mais se tornou turvo a nossa volta.
Apenas nós, assinalados pelo inevitável:
Como o alvo que busca a flecha,
Como a lebre que busca o lobo,
Como um pássaro, que sem reagir, precipita-se à queda,
Nossas estradas se cruzaram neste labirinto
E, juntos, estamos a nos afastar da saída.
O universo ficou suspenso em nossos olhos.
Não há universo:
Apenas nossas bocas,
Apenas nossas mãos,
Apenas nossos corpos,
Apenas nossos olhos que se abrem ao novo mistério.