Platonicamente
Nunca soube antes de ti o que era ter um amor platônico.
Hoje sei que amar assim é velar o sono da mulher amada,
ser sentinela na madrugada, guardar numa redoma de vidro.
Proteger, tornar escondido aos olhos do mundo o seu amor.
Não poderia supor que num mundo tão fácil de aventuras
tivesse que instigar minha voz em defesa do amor pela minha querida
quando a razão me diz que é causa perdida, que esta tão longe,
tão distante em todos os sentidos que não faz sentido, esse amor.
Não é de causar espanto ao menos para mim que te vejo a distancia
quando lhe beijo os olhos feito criança e sem nenhuma lembrança
tateio sua pele no dorso, nas ancas, pois que nunca te vi
senão em meus sonhos sem passado sem futuro, sem muita esperança.