É nóis

O amor verdadeiro tem essa têmpera,

Que vence ao tempo, e nele espera,

Contra a esperança, o que, impossível;

E Cronos cozinheiro bem lhe tempera,

Buscando a ímpar cabeça da Quimera,

a verter em fato atual, o ontem incrível...

O amor verdadeiro é cheio de chagas,

A mentira desfila seus afiados punhais,

o engano não se furta de dar uns cortes;

e o próprio peso da vida em si, ademais,

quando sobre ombro solitário pesa mais,

o amor assim renasce de muitas mortes...

Amor verdadeiro é o Último dos Moicanos,

Que viu dizimada toda a tribo das ilusões,

E o instinto de sobrevivência o fez fugir;

Se buscou abrigo em espúrios corações,

Foi por temer aos agressivos pelotões,

Da dúvida que enegrecia sempre o devir...

Amor verdadeiro, disse Paulo, não morre,

Desdita, a vilã encontra o “Duro de matar”,

Cuja negação contínua nunca o dissuade;

Tá, bem, concedo, pode ferir, e o vulnerar,

a procela impede só um pouco o navegar,

amor vero somo nós, após a tempestade...