"O Que é o Amor?"

Fala-se tanto, demais, sobre o tal famoso Amor...
Milhões, milhões e milhões de folhas em branco
São sacrificadas no intenso afã de descrevê-lo...
Rabiscadas, rasgadas, picotadas, amarfanhadas,
Emboladas, e afinal, a um canto ou cesto jogadas,
E ninguém consegue dele, Amor, o retrato falado
Alguns chamam inexistente, ilusão, fantasia pura,
Outros o dizem simplesmente idiota, passageira,
Fantasiosa, doente, psicótica, fantástica loucura
Há também quem o descreva como o feio duende
Fada madrinha, o lobo, anjo celeste, bicho papão,
Causador de sofrimentos, amarguras, desilusões,
Fazedor d’imensos, incuráveis males ao coração.
Há ainda aqueles que por ele cometem desatinos
Na eterna tentativa de expressar o que sentem
Chegando a denominar todos amores: terríveis,
impiedosos, inclementes, frios, cruéis assassinos.
Rimam o Amor com flor, estertor, verdor, ardor,
Em rimas pobres de quase nenhuma consistência
Sem jamais atinar com o óbvio, que está na cara,
O Amor é, por incrível que pareça, a Existência.
Sem o amor não somos nada, sem ele nada temos.
Sem o amor não pertencemos, sem ele nada vale.
Simplesmente respiramos, simplesmente rimos.
Simplesmente ocupamos o espaço, desmotivados.
O psicopata ao matar suas vítimas após torturas
O que deseja, o que naquilo ele almeja encontrar?
O amor. E fazendo de lanternas as suas loucuras.
Amor é como leve fumaça ou um consistente tijolo.
Depende de como o temos ou como o conseguimos.
Há quem faça por ele papel de tolo. Isso já vimos.
Consumismo desenfreado retrata amor frustrado?
Agressividade? Desenho do amor que não chegou?
Sensação de derrota n’alma? Culpa do amor negado?
A fuga do ser querido?Será excesso d’amor doado?
O Amor é Existência. Em sua presença ou ausência.