VIOLÃO de CARNE

E o céu ficou rubro

manchado pelo meu sangue

permanecendo mudo

vislumbro o amor

na dúvida que você teima

em manter viva

como se não houvesse valor

no ouro que eu tiro do suor

p’ra você

Santos guerreiros petrificados de cólera

dissolvidos sob a chuva do sexo

viram sal, ora, até o sagrado

desmorona quando gafanhotos

despem disfarce de colibri

no jardim em que o amor

fecunda rosas nas ancas ondeantes das éguas

pois das fêmeas você é a Fêmea que tem um pomar entre os quadris

Meu amor, a trégua tortura o amante,

olhos abertos principiam o delírio

- nenhum sonho diz o nome do fruto

que a sua nudez desenha na lembrança

Hoje a tristeza é minha amiga

a ausência o anjo do seu nome

que me faz voltar p’ra casa

dedilhando o violão de carne da saudade

trazendo nos braços o desejo prolongado

do meu sexo ao deleite aceso

entre suas pernas

Um dia você bordando armaduras

das chamas épicas do dragão

perguntará aos adivinhos

se houve no mundo

amor maior, e os adivinhos

da verdade sendo as lâminas

do escuro da cor buscarão a clareza

transparente na vidência:

o amor maior é o que você faz meu