VISÃO

Visão de relvas douradas,
de espinhos feitos de plumas,
de ricas pedras espalhadas
nas águas de nívea espuma.

Vorazes aves ligeiras
de muito bela plumagem,
devorando traiçoeiras
serpentes de horrenda imagem.

Cavalos de brancas crinas
encilhados em fino ouro,
em carruagens pequeninas
conduzindo um tesouro.

Borboletas cor-de-rosas,
qual bailarinas nas flores,
fazem a dança mais famosa
no salão dos bons odores.

Ondas macias grinaldas
das núpcias da maré,
que se estendem em longa cauda,
além dos olhos até.

Canções de esbeltas sereias 
das profundezas do mar,
ou essas vozes alheias
são os anjos a cantar?

O sol que rompe sorrindo
nos píncaros verdejantes,  
da abóbada sumindo
as estrelas rutilantes.

Ninho tecido em ternura
de mútuo amor revestido,
foco onde mora a ventura
de carinhos aquecido.

Esmeraldas que fulguram
num céu azul de bonança,
olhar que olhos procuram
no enlace da esperança.

Lábios rubros, aveludados,
num aconchegado beijo,
eu e tu enamorados,
fim da visão que eu vejo.


(imagem do google)