A GAROTA DA MUTAMBA
Este poema retrata uma fase jovem da minha
vida que se passou em Luanda (Angola), comigo e
uma garota, no cenário da praça da Mutamba,
na paragem dos machimbombos (autocarros).
Onde paras tu garota que ias à Mutamba,
Apanhar o machimbombo para a tua casa,
E eu ia ao teu encontro. Tu já namoravas,
Mas eu de ti não desistia, muito te queria.
Todos os dias, ao fim da tarde, eu te via
E contigo conversava, sempre à espera
Que tu meu namoro aceitasses, iludido
Andei até tua recusa me deixar perdido.
Via-te chegar e partir no machimbombo,
Que te levava a casa, na avenida dos
Combatentes, e eu triste me lastimava,
Vagueando sem saber por onde andava.
Onde paras agora, minha saudosa garota,
Desde o dia que apanhaste o derradeiro
Machimbombo e eu fui assentar praça,
Em Nova Lisboa, perdi-me no nevoeiro.
Um último adeus dissemos, entardecer
Dum dia que se diluiu no tempo perdido,
Tão jovem era que me senti muito dorido,
Ficando durante bastante tempo a sofrer.
Ruy Serrano - 01.12.2014, às 19:40 H