SOU TUA SOMBRA
Sou tua sombra e não das conta quando chego
infeliz atravessando a luz da aurora;
é como sombra no teu olhar que eu vejo,
uma estranha
promessa que feliz ora te torna.
Persigo tua pegada vacilante,
viril, decidida e inconstante;
rastros que
tento intensamente alcançar.
Vejo a certeza postada à minha mesa
e uma esperança voltando na luz acesa
que me permite novamente te enxergar.
serei o vulto silencioso e audacioso
que se aconchega sutil
sempre ao teu lado.
A mão invisível, a voz plausível,
que um sussurrado segredo ousa contar.
Serei teus passos, a força do teu abraço,
mesmo que outra estejas a abraçar.
Eu serei parte do teu corpo,
o paladar fixado no teu gosto,
o mais irrisório pensamento...
A doce paz que assola teu momento.
Sombra, perfilada,
em ti grudada...
Serei a água que domina a tua sede.
Eu completa ficarei sempre no meio,
a saciar tua fome de luxúria...
Entranhada no vão de tua procura,
violando lei que não me cabe...
Assim, soturna serei eu...
Tu? Atônito réu que da sombra nada sabe.