Amor Doente
O amor doente
Não é paciente
Não está ciente
Dos arredores da alma.
O amor doente
Não é doente de amor.
Não é carente. É consumidor.
Consome. Come e é comido.
Nada digere. Vive a nadar.
É uma alacridade furiosa.
São fúrias. Penúrias. Injúrias.
Injustas e justas. Apertadas.
Em apartado. Denunciado.
Sempre próximo a renúncia.
A clemência dos casais
A demência dos tais
Na fragilidade humana
Seus análogos rituais
Todas as tentativas (de salvar)
Em salvar o que? Porque?
Os seres adoecem
Os perderes crescem
Os prazeres fenecem
Não há nada de positivo
Em estender esse ósculo
Distender o músculo
Entender que o cúmulo
De não seguir adiante
Deprime essa constante
Imprime num instante
A ideia de que tudo acaba
(até mesmo a ideia de que se amou.)
Amar não é o ato de permanecer na jaula
O enjaular destrói tudo que se sente
Os seres devem ser cientes e sencientes
É na liberdade de ser
Que tal sentimento é e permanece sendo
Distinto das senzalas emocionais
Não há racionalidade
Mas há a consciência
Quem não sabe amar livre
Não sabe amar em nenhuma instância
E quem ama sabe usar a distância
Para causar mais do que se sente.